domingo, 22 de junho de 2014

Seu Cinésio

Hoje conheci uma figura incrível no ponto de ônibus. Em meio ao corre - corre cotidiano, e bem mais agitado por esses dias de manifestação, Seu Cinésio me abordou com uma piadinha sobre idosos. Ao fim da piada, ressaltou que não gosta que lhe taxem de ‘’velho’’ e sim, ‘’usado’’. Perguntou se eu já pensava em casamento e abriu um sorriso quando eu disse que não. Me ensinou a arrumar um bom partido e entre as características, ‘’perceber se o pretende é bom filho e se tem vícios ruins’’. Viúvo há 4 anos, pai de 11 filhos, dois adotivos, avô e atualmente mora com uma das filhas. A única que não constituiu família. Me disse palavras lindas e tocantes ao longo da conversa. Conselhos que só uma pessoa ‘’usada’’ como ele poderia dar. Me falou sobre família, valores, belezas e tristezas da vida. Disse que eu deveria me valorizar. Sempre. Pegamos o mesmo ônibus, sentamos juntos e fomos conversando por todo o trajeto. Os prédios, o trânsito, o barulho, tudo sumiu. Passou despercebido. Seu Cinésio desceu um ponto antes do meu. Quando olhei pela janela, ele acenava se despedindo, como se fossemos velhos e grandes amigos. Duas almas carentes e humanas se encontraram. Foi lindo o que eu senti hoje. Espero encontrá-lo novamente.

(Por Isabela Baccarini)

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